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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Amor Que não Se Vai

Decepção, frustração, descontentamento, frieza, orgulho, tudo isso se vão, são vãos. Não se pode conter em memórias, devem esvair, fluir para fora, sair. Objetos que nos cercam e tentam ferir a nossa fidelidade, então transformaremos em ensaboados, lisos, escorregadios, inseguros.  Carecemos deixar se perder, impensável guardar, sim expulsar. Nada de dó, mandaremos despejá-los, sem piedade ejetaremos de mãos abanando, jogamos puramente longe. O seu maior inimigo é o amor retido, enraizados em profundos metros. Não resistem a um coração puro e sincero, querendo amar. Esse é o segredo.
Quando filtramos na peneira do Amor os nossos sentimentos e emoções, somente fica o que é bom, agradável, afável e de deleite. Pois o Amor permanece, é perseverante, tudo suporta, persiste ao vento, age unilateralmente sem esperar recompensa, confia apenas. Prevalece no tempo, inabalável nos tremores, insiste ficar em pé quando cair é a regra. Como as imponentes muralhas da China construídas para durar, intimidam pela sua grandeza e infindável tamanho que os sobrepõem, cercando todo o vasto território. Protegendo dos maiores inimigos, evitando qualquer invasão para a destruição das suas riquezas e roubos dos tesouros guardados dentro das terras sob soberania chinesa. Independentes da situação sejam qual for às circunstâncias do momento, não importante a colocação desfavorável, contudo não viram ruínas por mais ataque atinja as suas bases. Não se desespera perante a força do oponente, pois sabe que foram firmadas em rochas.
O amor é estável, mesmo sob pressão sofre pacientemente, espera para abraçar, logo amar. Chora as suas dores em sorrisos para alegrar a quem estar pertos. Todavia espera a justiça, não se precipita em fazê-la com suas mãos de qualquer maneira, aguarda o jeito e o tempo correto em que volte tudo nas suas ordens. Por causa da sua retidão, também não aceita qualquer vantagem ou privilégio que venha de procedência duvidosa, tentando em beneficiá-lo causando o mal. Negando ser um negociante de vida ou barganhador de princípios, sabedor do valor que confere cada pessoa, usa as coisas e ama pessoas. Não comporta a negligência do repertório para resolver os problemas, sua consciência viciada em lembrar que existe algo para solucionar, não cessa de bombardear a memória com os diversos clichês que o lembram onde estiver.
Possui de atributo compaixão que permite ser tocado pelo outro, de maneira nenhuma se omite, do contrário é comovido por uma pulsão de ajudar, tendo em vista em se sacrificar. Fere-se e padece aflições para o amado, usa em seu favor para transformar e mudar a si mesmo. Dar um passo atrás na sua decisão para fazer a melhor escolha, confessa e se arrepende das suas falhas. Faz promessas e as cumpri, com muito esforço. Uma auto-doação de forma voluntária destinada ao crescimento, seus desejos estão voltados no prosseguimento da missão, nega suas próprias vontades olhando para frente, sempre avante.
E termino com um texto de Paulo Brabo
“O senso comum exige que o amor é cego e nos faz estúpidos, mas o senso comum é um velho antiquado que ama usar de sarcasmo sem ser compreendido. Tenho forte tendência a crer no contrário; como ensinou-me meu amigo Ivan, para quem amar não é ser afligido com a cegueira, mas ser premiado com “uma lucidez exacerbada”, um conhecimento privilegiado e sem qualquer distorção da verdadeira natureza da pessoa que amamos.

Amar implica em lucidez: talvez seja por isso que amamos menos do que deveríamos. Porém não há quem não se orgulhe da sua lucidez, quem não lute para defendê-la e vê-la reconhecida. Deixar-se amar, por outro lado, demanda singeleza de coração, autoconhecimento e autoestima – virtudes quietas que raramente andam juntas, e que mesmo separadas são mais raras do que a lucidez.
E se amar é assim custoso, ser amado requer maior despejo e envolve riscos maiores. Quando amamos nos submetemos ao risco perene de perder o que temos de mais precioso; deixando-nos amar nos submetemos ao risco de perder a nós mesmos.
Quem não iria desejar o amor? Quem seria louco de tentar? A condição humana reside na intersecção entre essas hesitações, e em cada uma de suas precárias execuções. ”

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